segunda-feira, 18 de julho de 2011

Empreendedor à moda antiga

E foi assim que tudo sempre foi. Chegavam com sorriso sorrateiro e desonesto lhe roubando o riso largo e sincero. A produção industrial, antes em larga escala e de lucros otimizáveis, foi dando lugar à recessão profunda. Adquiria quinquilharias superfaturadas no escambo desvalorizado. Não achou mais quem lho assegurasse o bem por vezes surrupiado.

Mudou de ramo, mantendo-se no mercado. Mais valia agora seu trabalho artesanal. Qualificando mão de obra, diminuiu a oferta, alimentando a demanda por encomenda, vislumbrando poucos riscos ao empreendimento. Falhou, não por demérito ou inépcia, mas porque seu serviço prestado foi desvalorizado ante os tantos furtos sofridos.

Não mais confiava na segurança pública oferecida. Andava a suspeitar que jocosamente espreitavam-no para um novo golpe aplicar. Ora pensou contratar a iniciativa privada, ora pensou ir à justiça, com as próprias mãos não o poderia fazer. Pois que nada fez e reiteradas vezes reincidiram sobre o coitado em ato furtivo.

Paupérrimo, sem o que dele ‘inda se pudesse aproveitar, entalhou à porta do estabelecimento vazio, aos próximos que ali adentrassem: Aqui deste mercante amante moribundo, só peço que de agora em diante leves apenas um souvenir por vez, em vez de o estoque inteiro. E que se vá.

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