sexta-feira, 7 de março de 2014

Eu também

Ela contou que nunca ouviu um 'eu te amo'.

Até aí, nada anormal. Há tantos que o falam por falta do que dizer, outros tantos que omitem por economia no que sentir, que talvez não haja tantos amantes e amores.

Nunca ouviu o que tanto queria e nunca soube que amou ou era amada. É claro que, assim como para uns basta sentir, para outros há resposta nas palavras - e para alguns poucos, nos sussurros e gemidos.

Tentava explicar que não entendia o que havia de errado com ela ou o que fazia de errado com eles.
De tudo tentara e nada ouvira em troca.

Um dia entrou na loja.
Comprou um aparelho para surdez.
Gritou ao vendedor: eu te amo!
Ele simplesmente respondeu: eu também.