quarta-feira, 4 de março de 2009

Homenagem ao Malandro

Eis o malandro.


Nunca soube apreciar o gracejo de um sorriso feminino e suas intenções muito bem escondidas, desvendar o falso desinteresse romântico incrustado na suavidade de um perfume ou o apelo sensual disfarçado num vestidinho decotado que dá contornos inocentes, quase angelicais, àquela tentação de salto-alto.


Qual o sentido dos flertes intermináveis se ao fim da noite os corpos tinham uma só necessidade? Desdenhava de sua falta de tato pisando, quase que sem querer, no coração alheio; tornando-se a cada contradança o diamante lapidado dos cabarés, o messias fajuto dos pagãos, o “barão da ralé” que tanto almejava na infância.


Pensou conseguir enganar a si mesmo, ser imune àquele vírus. Atordoado, talvez fosse tarde para regenerar-se, mas acreditou piamente poder tornar-se um homem honesto, um homem honrado, um homem bom, um homem...


Ah, mas olha lá quem passa! Olha as más intenções por sobre aquele salto-alto, o gracejo nas curvas debaixo do vestidinho curto, a tentação dos cabelos esvoaçando e levemente recaindo sobre o decote...


Eis que surge o malandro outra vez.

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