Velho e novo sentam na mesma mesa, dama e vagabundo comem da mesma comida, professor a aluno bebem da mesma bebida. O cantor de chuveiro se junta ao tocador caseiro – não o de banheiro, por favor.
Aqui meu amigo se faz dono: pega a bebida e vem pra minha mesa como se estivesse na sua própria casa; canta e chora naquela velha canção comigo, como se fosse sua canção; repete aos presentes a minha piada como se fosse sua piada.
Em minha casa ele se embriaga comigo e vomita versos amigos em sincronia ao tira-gosto mal digerido. Acabo repetindo o gesto, por pura amizade. É meu amigo e na minha casa ele faz como bem entender, afinal, com ele estou sempre em dívida.
Minha casa é a casa dos ébrios desesperados, da malandragem praticada por uma escória indecente, dos órfãos de uma saudosa boemia moralmente questionável.
Na minha casa funciona um bar. O meu bar é a casa do Brito.