terça-feira, 21 de abril de 2009

Prisão Perpétua (Jardim dos Animais)

Caros amigos, eu fui passear, sem mais o que fazer. Tive pena do que vi.

Voltemo-nos ao local de visita. Os animaizinhos estavam lá, como era de se esperar. Em exibição, entretendo os transeuntes e eles mesmos também transitando de lado a outro sem rumo algum, sem sequer ciência de poderem rumar a qualquer lugar; não achando sentido algum em suas vidas nem supondo que uma vida deva ter algum sentido. De dar pena.

Não era passeio de se esperar grandes surpresas. Todos os tantos animais que eu supunha estavam presentes: o macaquinho tentando chamar atenção com palhaçadas, o elefante tentando parecer intelectual, a coruja tentando parecer enigmática, a onça pintada tentando parecer mais pintada que as outras, o cavalo tentando não parecer tão burro quanto o burro...

Estavam confinados aos muros da ignorância em que viviam, onde deveriam aparentar domesticados, dóceis, belos e asseados, tal qual lhes era imposto. Se alimentando das pequenas porções de ilusão que lhes eram servidas para que não se rebelassem contra o sistema carcerário vigente, nem se apercebessem da pequenez a que se obrigavam cotidianamente. Uma pena mesmo.

Por fim, tive pena de mim mesmo, meus amigos.
Juro que nunca mais visito um shopping center.

3 comentários:

Sidney Andrade disse...

sem querer ser egocentrico (eu nao quero, juro! mas é mais forte do que eu. Vou matar?), lembrou-me um texto meu, aquele dos pombos da praça, se é que você vai lembrar.
só nao digo p vc ir lah no meu blog ver pq tenho a impressao de que esse eu retirei de lá, em meio a metade dos que estavam.
Boa analogia.

Aninha Santos disse...

Final perfeito! Muito bom ! Abraço

Lua Clara disse...

Nossa! Chocante!!! Também não gosto de Shopping, vou quando é minha ultima opção para resolver alguma coisa.. e sempre q to la, conto os minutos para poder sair.
Mas olha, Taiguara, vc escreve bem, bem demais! Nossa...
Quando eu crescer, quero escrever igual a vc!