segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Flor e o Espinho

Contempla o luar em luto pelo guerreiro desconsolado, abatido com a mera expectativa do desabrochar daquela ainda não conquistada. Afaga o disritmado pulsar no peito do algoz que outras tantas despetalou, outrora embriagado em êxtases vulgares e enfim rendido à opulência pecaminosa de uma flor ainda em botão. Ouve a concha a ecoar as eternas lágrimas do mar sobre a areia virgem, que do amor só conheceu os amantes por sobre ela estendidos em deleite voluptuoso na escuridão inóspita, apenas com a lua desdenhosa a lhes vigiar. Sente o aroma exalado pelo que o insensível coração teima não contar ao humilde carcereiro, que de mortalha em riste torna-se escravo do perfume inebriante. Beija por fim este corpo cansado, que te pertence mesmo quando perdido em outros corpos cansados, em outras batalhas inevitáveis, em outras flores ainda por desabrochar e despetalar...

Um comentário:

Maria disse...

Em nome das flores, lindo. Muito lindo! Felizmente, há sempre dor na beleza, beleza na dor. Felizmente o espinho não somente está, mas faz parte da própria flor.