Em inútil tentativa (a pedidos) de inspiração por um possível texto sobre o amor, bem mais improvável que estes sobre qualquer banalidade, frustro-me em perceber que do amor nada entendo e pouco do que sinto entendo e tampouco do que entendo escrevo.
Do pouco que entendo da contraparte romântica, um tanto vem da fuga, outro tanto da partida. Não a habitual fuga da realidade, por meios nem sempre lícitos. Fuga da dança instável em que sempre tropeço, piso no pé e perco o ritmo. Nem falo também de partida em se tratando deste jogo sem regra e sem juiz. Aqui a falta não compensa, nem que se recorra ao clichê do lugar melhor, bem pior pros que ficam.
Embora por vezes se traduza em ausência de lágrimas, minha dor vem da dor de outrem, da dor daquele que mais a sente e não se acovarda em demonstrá-lo, tal qual o cara na imagem borrada do espelho. Vem do egoísmo da própria partida pressuposta e imaginada, quiçá sonhada ou desejada.
O desejo... Eu entendo do desejo, puro e simples. Anseio já domesticado em dias de intermináveis batalhas contra a descontrolada gula púbere. Apesar de que ainda não entendo o asco habitual ao objeto, logo que consumido. Afinal, que mal faz usufruir do vício uma vez mais? Basta falsear o desejo, embora não tão bom fingidor quanto aquelas com quem acostumara-se a lidar, aquelas a quem batia a porta sempre que precisava ou batia a face caso fosse requisitado.
Por fim, é uma coisa mais profunda que um encontro casual ou uma transa sensual, me diz um. Ele não tem pressa, ele pode esperar em silêncio, num fundo de armário... – avisa outro. Quem dera alguma frase de efeito pudesse explicar... A alma desesperada por completude tentaria com ela dizer o que nenhum desfrute de corpos alheios pode fazer sumir.
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