sexta-feira, 23 de maio de 2008

A primeira Vez

A gente nunca esquece mesmo... Mas desta vez não serei indecente.

Esta foi minha primeira reportagem, para o site Repórter Junino, da faculdade de Comunicação, UEPB.

Descobri também, no mesmo dia, que como entrevistador sou um ótimo estudante... Publico, então, apenas a matéria original, sem edição.

Leia aqui a matéria publicada.

XXX Congresso Nacional de Violeiros marca o início do calendário cultural campinense.

Sexta (16) e Sábado (17) foram dias de glória para a Arte do Repente. Após três anos ausente no cenário campinense, o XXX Congresso Nacional de Violeiros, realizado no Teatro Municipal Severino Cabral e organizado pela Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos (ARPN) deu uma bela demonstração da força da cultura popular nordestina. Na ocasião houve a gravação de um DVD que irá resgatar e reaproximar o público dos tempos áureos dessa arte.

A complexa arte do improviso, cuja origem remonta aos trovadores medievais, foi representada com orgulho por 16 repentistas de renome nacional e internacional, tais quais Ivanildo Vila Nova, eleito Cantador do Século XX e co-autor da célebre canção “Nordeste Independente” em parceria com Bráulio Tavares; e Geraldo Amâncio, violeiro e apresentador do programa cearense “Ao Som da Viola”; além da presença de poetas declamadores como Zé Laurentino, autor do poema “Matuto no Futebol” e Chico Pedrosa, autor de “Briga na Procissão”.

Sextilha, décima, martelo, galope, gemedeira, quadrão... São métricas de uma arte pouco divulgada pela grande mídia, mas exibidas com técnica e emoção pelos grandes maestros da viola.

De acordo com depoimentos do público e dos próprios repentistas, o primeiro congresso, realizado em 1974, contou com o apoio em massa dos estudantes, numa época de efervescência cultural onde Campina Grande era vista no cenário nacional como capital do repente devido ao seu pioneirismo. O poeta Zé Laurentino cita a grande quantidade de espectadores que assistiram ao espetáculo de pé, por falta de assentos.

Após essa época de glória, o repente perdeu espaço na mídia e foi sobrevivendo em pequenos círculos fechados de cantadores que passaram a tradição adiante, observando-se nos últimos anos um leve crescimento da valorização desta arte genuinamente nordestina. Desde muito tempo, tradicionalmente no São João de Campina Grande, segundo o mesmo poeta, arranjam para o repente um lugarzinho como “prêmio de consolação para não dizer que não falei das flores”.

Segundo Maria Aparecida, sócia da Associação dos poetas – Casa do Cantador – e que acompanha de perto o trabalho destes violeiros, “este evento é muito importante porque resgata a nossa cultura e aproxima essa arte do público que acompanha o repente há muitos anos, além da possibilidade de atrair também aqueles que não o conhecem”, porém lamenta que a mídia não dê o valor que estes artistas merecem.

Tendo sido outrora um artista subjugado, visto com desprezo devido à falta de formação educacional e profissional, foi ao longo dos anos profissionalizando a arte, tal qual o poeta e advogado Apolônio Cardoso, que vive unicamente da cantoria. Ainda assim essa arte continua restrita a poucos devido à complexidade e carência de professores e metodologia de ensino, não sendo muitos os que conseguem sobreviver exclusivamente da arte do improviso.

Segundo as palavras do organizador do evento e presidente da Associação de Repentistas, Tião Lima, há uma vontade de se realizar campanhas nas escolas e universidades em busca de re-popularizar a arte do repente e de descobrir novos talentos, como o repentista Raullino Silva, de 27 anos. As dificuldades de organização de um evento desse porte, com cantadores e declamadores famosos vindos de outros estados, se devem principalmente aos obstáculos quanto ao patrocínio e apoio cultural, não havendo mais um público tão grande quanto em outros tempos.

Com muita serenidade os repentistas envolveram a platéia em temas como a morte da menina Isabella Nardoni, bem como com criatividade e humor se digladiaram sob os motes "Você não tem cantoria que cause admiração", com a dupla Raullino Silva e Valdir Teles; e "Cantador do meu nível tem que ser batizado e criado no sertão", pela dupla Severino Feitosa e Zé Viola.

Geraldo Amâncio e Moacir Laurentino, retrucando a idéia de que o repente seja uma arte da qual o público é mero espectador, convocaram o público a participar de uma cantoria, com o tema galope à beira mar. Este momento foi marcado por grande euforia do público, que acompanhava os violeiros a cada refrão.

Fica do evento a saudade, bem como a esperança de um futuro melhor aos cantadores, merecedores do nosso apoio incondicional à cultura popular.

3 comentários:

Unknown disse...

Caro Taiguara, numa epóca de imposição cultural,um evento como este serve para mostrar que é possível resistir a toda tentiva de supremacia de qualquer cultura "estrangeira"(inclusive a do sudeste) ,sobre a nossa.Este é verdadeiramente um evento de resistência.Viva os cantadores e viva o nordeste.Parabéns pelo trabalho.

Unknown disse...

Caro Taiguara, numa epóca de imposição cultural,um evento como este serve para mostrar que é possível resistir a toda tentiva de supremacia de qualquer cultura "estrangeira"(inclusive a do sudeste) ,sobre a nossa.Este é verdadeiramente um evento de resistência.Viva os cantadores e viva o nordeste.Parabéns pelo trabalho.

Unknown disse...

Caro Taiguara, numa epóca de imposição cultural,um evento como este serve para mostrar que é possível resistir a toda tentiva de supremacia de qualquer cultura "estrangeira"(inclusive a do sudeste) ,sobre a nossa.Este é verdadeiramente um evento de resistência.Viva os cantadores e viva o nordeste.Parabéns pelo trabalho.