Não se é meramente aquilo que se vê. Não enxergamos todo esse enquadramento de 180º que diminuirá ao longo do desgaste das retinas, do desgaste da alma, que vai se tornando adulta, triste e solitária, até que aprende a olhar apenas para si mesma.
Será que me vêem como sou ou será que sou como me vêem, exatamente como não quero que vejam? Pareço ser aquilo que sou ou será que sou aquilo que pareço ser, exatamente o que não quero parecer? Nem jogo de palavras é solução, nem a solução me parece estar em palavras.
Não! Por que os outros seriam da forma como os vejo? Assim, de que serviriam os outros sentidos se somente um nos fosse suficiente?
Sei que posso ser o que sempre quis. Mas se nem sempre quis ser aquilo que sou, muito menos sei se o que quero ser será aquilo que um dia quererei.
Duas definições peculiares marcaram o modo de enxergar a mim mesmo. Palavras sinceras e frustrantes, quase humilhantes, adjetivações ofensivas, ditas oportunamente por quem me abriria os olhos. Para alguém habituado ao exercício do esquecer, palavras que souberam, ao seu jeito, ensinar.
A primeira deu-se quando ouvi ser a decepção de quem eu sempre me esforcei em orgulhar, esforço que era em geral insuficiente. Daí a descobrir que o tal clichê realmente ensina a viver custa-me quase uma década e ainda não ensinou pra quê veio de fato; mas abriu um precedente único: vasculhar meus próprios defeitos e descobrir-me, a cada passo, a cada ato.
A segunda? Daqui a uma década espero ter a resposta moldada em meu caráter.
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
[...]
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
[...]
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta."
Duas definições peculiares marcaram o modo de enxergar a mim mesmo. Palavras sinceras e frustrantes, quase humilhantes, adjetivações ofensivas, ditas oportunamente por quem me abriria os olhos. Para alguém habituado ao exercício do esquecer, palavras que souberam, ao seu jeito, ensinar.
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
[...]
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
[...]
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta."
3 comentários:
Suponho que a questão não seja ser, seja sentir.
E se os trocadilhos de um cego ainda não estiverem saturados: que seria de mim se fosse eu apenas o que vejo?
Olhar nem sempre é o essencial, poruqe olhar é só olhar.
Fernando Pessoa, também: "Quem vê é só o que vê.; Quem sente não é quem é."
Eu não sei se atjuda mauio, mas vale outro cliche: não adianta, filho, por mais que você seja bom, nunva você vai ser o melhor. Porque quem cobra de você são os outos, e outros acham sempre que a gente pode/deve/precisa mais do que nós mesmos sabemos poder/dever/precisar. É mal de humano, não estar na pele do outro e achar que entende tudo dele.
No fim, o que importa mesmo estar tranquilo consigo mesmo, e agradar a si. Porque nem que eu ame o outro como a mim mesmo vou conseguir satisfazê-lo como posso me satisfazer. Eu não não entendo dos outros. "Os outros são os outros e só."
Mas já tenho falado muito.
No mais, fica o aviso do amigo: eu vou me orgulhar de você sempre que você conseguir ser você. Seja lá o que você for... hauahauahua
Abraço.
Nossa, esse poema do Fernando pessoa realmente é ótimo, marcou muito uma fase da minha vida, quando eu vivia feito esse Você do texto, eu pensava desse jeito: "Será que me vêem como sou ou será que sou como me vêem, exatamente como não quero que vejam? Pareço ser aquilo que sou ou será que sou aquilo que pareço ser, exatamente o que não quero parecer?"
eu conseguia pensar isso, vc conseguiu escrever, ta em vantagem.
Parabéns pelo texto e tomara que vc consiga SER Você, se bem que acho que não existe eu Eu definitivo, que seja...
Beijos da Leitora
Amigo Taiguara.
Só no espelho a gente consegue se ver, mas pra quê, afinal? Na verdade, na verdade a gente só pode ser visto por inteiro pelos outros e essa talvez seja uma das grande belezas da vida.
É o contato COM o outro, a troca COM o outro, a experiência COM (não DO) o outro que nos faz descobrir o que somos.
Isso nãoo tem começo, meio e fim... é processo ininterrupto. Quem se refugia disto busca o solilóquio, a intimidade paranóica de falar de si, por si e para si... um mundo inteirinho só e somente só para si.
O mundo real, a vida real, essa única que temos, é assim. É preciso ter muita coragem pra tentar descobir o que VOCÊ quer pra você e não o que OS OUTROS querem pra você. Mais coragem ainda é preciso pra lutar por isso. Isso leva tempo, mas não dá pra esperar!
Te amo, meu véi!
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