segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Ao pretenso amor

Esta carta é para ti, ingrato.

Na minha estrada tortuosa, a tua presença é desejada com a mais intensa infantilidade e repudiada com as mais frívolas desculpas. Sendo quem tu és, torpe delírio de minh'alma pagã, te expulso ao menor sinal de intimidade, como ao cão inoportuno que lambe-me o dedo podre.

Minha fria carne foi outrora aconchego do teu instinto parasita. Hoje, imploro tua repulsa desesperadamente, fingindo não crer-te companheiro e confidente, jurando pragas que me corroem para além do álcool que me suicida cotidianamente.

Dito isto, afasta-te deste pedaço de carne putrefato e indesejado, que comigo não há caminho a seguir. Comigo as noites são de entorpecentes sorrisos falsos, regados ao deleite de vinho e donzelas não tão donzelas assim.

Ao meu lado te quero uma vez mais, porque comigo é o teu lugar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Fragmentos de Memória

Enquanto muitos só recebem homenagens póstumas, seja por culpa, medo, vergonha ou desatenção dos ainda viventes, acredito que nossas paixões devem ser declaradas ainda em vida. Eu, que por culpa, medo, vergonha e desatenção sempre me abstive de fazer qualquer declaração de amor a quem quer que fosse, ao menos no papel ainda tenho esta intenção.


Aproveitei para falar sobre meus avós, já que ainda convivo com a maioria deles, ou “três quartos” do conjunto. A maioria sim, porque bem antes de meu nascimento perdi o avô paterno e deste me escuso de falar, por agora. Não por falta de conhecimento, mas por não ter fatos pessoais a relatar – embora ele tenha sido a versão original de ser dos membros masculinos da família, desde a boemia e o gosto musical à veia humorística irremediável.


Sobre o meu avô materno, que ele escute este texto, já que não tem condições óticas de lê-lo, foi de imprescindível convivência em minha infância. Costumeiramente íamos à padaria cedinho, ele tomar café, eu tomar chá. Homem dos bares, herança genética, me levava ao colégio diariamente. Neste meio tempo, tomava uma, que ninguém é de ferro, depois ia me buscar e me deixava jogando videogame.


Foi durante muito tempo minha desculpa para ir brincar na rua, ir buscá-lo na farra. Quando o encontrava num boteco, ele puxava o neto de uns cinco anos de idade e com orgulho apontava para as placas de bares e lojas que eu prontamente lia em voz alta – o que motivava mais um brinde de cachaça com os amigos em homenagem à astúcia do neto.


Num de nossos passeios matinais de bicicleta, época em que ele ainda podia se dar esse luxo, numa bodega qualquer ele me mandou pedir algo. “Quero uma Sprite!”, eu disse (naquele tempo eu falava “splite”). O dono olhou espantado e perguntou “O que é isso?”. Ainda hoje ele repete o causo, com água na boca e com saudade: saudade da criança que sabia falar bonito e do bodegueiro que não entendia de refrigerante.


Minha avó materna desbanca, em termos de graciosidade, qualquer criança de colo. Sempre uma menina, inclusive no tamanho, batalhou pelos estudos no sonho de professora e conseguiu induzir o neto nas letras. Eu cagava (ou como ela gosta de dizer, “defecava”) com um quadro negro ao lado, rabiscando meu nome, com uns dois anos de idade, creio.


Orgulhava-se pelo neto fazer toda a lição de classe e todas as lições de toda a classe também. Guarda ainda hoje todos os uniformes escolares que usei na vida, todos mesmo. Dos clássicos da infância, ela cita sempre minha primeira frase completa, com um ano de idade, acho: “Mamãe, eu vou passearrr”, com infinitos “erres”.


Noutro momento memorável, houve um bilhetinho, eu ainda aprendendo a escrever, com os dizeres: “Odeio ter avó”; posteriormente ao qual devo ter me escondido atrás do sofá, onde ela fingia não me ouvir chorar, mas de noite segurava minha mão, pois só assim eu conseguia dormir.


Sempre condescendente com meus erros, concedia louváveis moedas para o jogo de videogame. Foi responsável pela minha primeira mesada: cinco reais mensais, que logo calculei e, capitalista, telefonei-a pedindo adiantamento e aumento de 100% (ou provavelmente a denunciaria ao sindicato dos netos desaforados).


Minha avó paterna, nunca foi de muitos mimos e carícias. Sempre aguerrida, perdeu o marido cedo e criou um punhado de filhos sozinha, passando fome e frio, sacrificando a saúde e a vida pela família, mas nunca perdendo a chance de tomar uma ouvindo seresta, bolero e bossa nova.


Quando bebê de colo, ela me deitava na barriga, numa cadeira de balanço, e conseguia me fazer dormir, apesar das cólicas. Na infância me desobrigava do fardo de derrubar o prato de almoço, o que me costumava me tomar algumas horas sentado à mesa. Ela mesma o arremessou na parede certa vez, poupando-me das broncas paternas.


Geralmente oferecia amor através da comida: seja o sanduíche do jeito que o neto gosta, o leite do jeito que o neto gosta ou o almoço do jeito que o neto gosta. Já que minha falta de afeição à comida mostrou-se inversamente proporcional à que senti pela bebida, passou a farrear comigo, comendo tira-gosto ao som de Nelson Gonçalves e adjacências, relembrando felicidades e infelicidades de uma vida tão boa e tão sofrida.


Assim, cada qual com seus pequenos detalhes, fizeram desaguar no quase-adulto de hoje as lágrimas agradecidas pelos ensinamentos à criança introvertida que está quase aprendendo a ser gente. Para a multidão alheia, aos ilustres anônimos mundo afora, meus avós nunca foram ninguém. Mas para mim, nunca houve nem nunca haverá ninguém como eles.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Peripécias de fim de ano

Chegando o fim do ano, volta a correria de fim de período(s) na(s) faculdade(s) e, pra variar, encontro-me sem tempo nem pra comer – porque pra beber a gente dá um jeito. Recordo agora os bons tempos de colégio, quando eu era menos triste e não sabia, quando o ápice da diversão era jogar futebol e videogame, ler jornais, livros e revistas e, quem sabe, cruzar olhares tímidos com alguma menina.


Voltando aos fatos marcantes e “envergonhantes” da minha vida, que não foram poucos, lembro dos tempos que morei em Fortaleza-CE, lá pelos 14 anos de idade. Bons tempos, onde passei de nerd quase-mudo a nerd quase-tímido e onde consegui realizar algumas proezas catastróficas, exatamente nos finais de anos (da passagem de tempo, sem conotações implícitas).


Exatamente no último dia letivo da 8ª série do fundamental, sem mais professores a suportar, estava eu com meus companheiros a jogar vôlei dentro da sala de aula. Quer dizer, estavam eles a jogar vôlei. Partida um tanto interessante, pois a “bola” tratava-se da bolsa de uma das colegas de classe.


Eis que surge o atleta e solta a pérola “toca pra mim!”. Ao receber o passe, o tal jogador, ao tentar repassar a “bola”, consegue acertar um dos ventiladores do teto, empenando uma hélice. A “bola” é delicadamente arremessada por ele contra a parede, batendo num ventilador lateral, que fragilmente se despedaça e esfumaça, quase tanto quanto meu coração imaginando o quanto da pele eu iria perder ao contar o fato ao meu pai.


Mais uma vez, exatamente no último dia letivo do 1º ano do ensino médio, sem mais professores a suportar, surge algum malandro com a brincadeira do “montinho”, que consistia basicamente em derrubar alguém para todos os outros pularem em cima. Um dos peraltas sugere atacar um professor e, o primeiro a sofrer o ataque (que, para melhor descrever, atendia pelo pseudônimo de Rabicó), se esquiva e distribui socos e pontapés aos que se aproximam. Escapou, praguejando contra a quadrilha.


Em sã consciência, a turma ataca o segundo professor. A sala fechada, as luzes apagadas. O professor, que não lembro o apelido, mas que era um anão de jardim ou pintor de rodapé, recebe um ataque por trás (ui!), uma rasteira que o derruba e uma seqüência de twists carpados na coluna. A saga rendeu uma expulsão, dois termos de compromisso e algumas advertências e orelhas queimadas. Eu, que já ia embora do colégio, fui poupado.


Este mesmo professor, o pequeno polegar, tinha uma célebre frase, que agora deve usar com freqüência. Quando chegava num lugar agradável, comentava: “Aqui é o paraíso... Nenhum aluno por perto!”.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sobre o bisavô dos meus netos

Queridos netos, eu nem sei o que dizer do seu bisavô. É uma daquelas pessoas indescritíveis, daquelas que conseguimos apenas admirar. Ou pelo menos foi alguém assim, se vocês não tiverem a satisfação de conhecê-lo.


Pois que o velho fez aniversário de quase-50 (quarenta-e-cinco, salvo engano) e, como sempre, foi um dia regado a um bom e velho destilado – para ele, que como quase sempre ocorre em datas bebemorativas, deve ter ficado embriagativamente sonolento.


Pelo nosso script habitual, dei-lhe tapas nas costas, que foram retribuídos com outros tantos; dei-lhe os “pêsames” pela senilidade próxima; enfiei-lhe o dedo no umbigo, somente no umbigo; soltamos boas piadas, com boa música e bons amigos. (Faltou-nos um bom jogo de futebol, que não foi apresentado pelo nosso Campinense Clube em ascensão a Serie C do futebol nacional – ao tempo em que vocês lêem, meus netos, provavelmente o Campinense já deve ter se tornado algo menos lastimante).


Passam os “anos” e o velho nem sente, com trocadilho. Assim, com jeito de moleque e usando bom humor pra disfarçar os cabelos brancos e a careca “entrando” ele realmente não parece envelhecer nunca. Assim, não percebemos o tempo que passou, nem percebemos o quanto ambos estivemos distantes e quanto tempo desperdiçamos sem saber a falta que nos vai fazer. Meus netos, não desperdicem o tempo que puderem usufruir de convívio com os anciões, mesmo que a demência lhes corrompa o que restou de fígado – não me referindo a ninguém em particular.


Ao meu velho, saiba que minhas lágrimas, misturadas ao meu riso, são de felicidade por podermos partilhar estes momentos simples, de conversa fiada e bebida por sua conta – não que este detalhe tenha relevância.


Que os anos continuem passando e você consiga agüentar este peso nas costas sem sentir nada. Que Vinicius, seja “de Morais” ou Rangel, esteja aqui para cuidar de nossos corpos cansados pela vida prazerosa que tivemos e que teus bisnetos possam supor que você foi um mártir ou algo se aplique a quem se tem saudade.


“Tudo começou quando o filho morria de vergonha do pai, porque o pai era palhaço de um circo sem futuro.
Ele cresceu sem dizer pros amigos onde o pai trabalhava.
Sempre envergonhado, cresceu com a vida muito amargurada, se formou em outra coisa.
Um certo dia recebe a notícia de que o pai está no leito de morte.
Ele corre lá, entra no quarto, tira a gravata, tira o paletó, se ajoelha e diz:
- Pai, me ensina a ser palhaço?
- ...
- Pai, me ensina a ser palhaço?
- ...
- Pai, me ensina a ser palhaço?
- Isso não se ensina, SEU BOSTA!”


(Trecho de “Palhaço do Circo Sem Futuro” – Cordel do Fogo Encantado).

domingo, 2 de novembro de 2008

"Injeção" de ânimo

Quase me esqueci que o motivo principal que me fez cair no delírio de escrever publicamente foi bem mais altruísta e bem menos de tentar tirar uma casquinha de escritor-fracassado-tentando-fingir-qualidade. Nunca fui bom escrevedor, embora esforçado. É bom dizer que a palavra e eu entramos em comum acordo sobre nosso relacionamento fracassado: eu entro com o pé, ela com a bunda.


Voltando ao foco, o cerne, o epicentro, o âmago... Bom, a questão é que isto existe para dizer coisas que não costumo dizer (ou que nunca digo mesmo), para publicar coisas não-íntimas e fazê-las passar por íntimas e impublicáveis. Difícil entender como alguém se interessa pela minha vida – sim, isso foi um recado para você, trouxa, ler um livro que preste ou fazer algo útil (te amo, beijomeliga).


O intuito era guardar recordações de uma vida regada a entorpecentes, madrugadas, música e boa companhia, fazendo os meus netos acreditarem que tive uma vida plena de prazeres e que não saibam que ao vivo foi bem pior. Contem para meus bisnetos que “o vovô era o cara!” – numa linguagem diferente porque “o cara” vai ser uma expressão careta.


Então, meus queridos netos, quero que saibam que o seu avô também passou por maus momentos na sua curta carreira. O que fato vos relato agora foi vivido em um mês de Junho de 2008, famoso pelo festejo junino durante 30 dias sob forte chuva, músicas outrora boas e bebidas outrora embriagáveis.


Seu velho avô resolveu virar a noite acordado e ir para a faculdade assistir aula. Muitos dos diálogos, imagens e ações desse dia eu não me lembro – vulgarmente conhecido como Mal de Alzheimer Alcoólico.


Acompanhado dos colegas Silas e Charles, com conversas que iam de Chico Buarque a cabarés avulsos e atitudes que iam de urinar em locais improváveis da faculdade de Comunicação (banco, placa e árvore) ao romantismo de entregar “uma flor para uma flor”; não lembro mais nada de interessante que tornasse o dia assim tão inesquecível.


O melhor viria depois, numa crise de sinusite que me leva ao hospital, ao soro fisiológico na veia e ao clímax do evento. Durante meu repouso no hospital, eis que surge um bravo e honrado enfermeiro com o seguinte diálogo:


Enfermeiro, tirando meu lençol: Vou aplicar uma injeção aqui.

Eu, acordando assustado: Hein?

Enfermeiro puxando minha bermuda e “enfiando” o “negócio” na nádega alheia. Sem mais nem menos, sem pedido de licença, sem flerte, sem conversinha no pé do ouvido. Quase um estupro hospitalar num pobre doente indefeso.


Então meus netos, deixo aconselhado: não virem uma noite na farra tendo compromisso na manhã seguinte e não confiem em enfermeiros com agulhas grandes – nem nada mais que seja grande. E sim, experimentem um dia urinar em local inapropriado da sua faculdade e exprimam toda sua repulsa e rebeldia sem causa.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Sem Sentido(s)

Meu caro amigo,

Tudo em cima? Eu estou bem. Não como você, infelizmente; nunca como você.


É com muito prazer que te escrevo, pois que nossa amizade vem lá de trás, dos tempos que éramos pequeninos. A distância cresceu, nós crescemos; tudo cresceu, inclusive a amizade. A cada pincelada que dou no papel, você vai sentir teu dedo no meio, tantas são as aventuras.

O fato é que ando meio cabisbaixo ultimamente. É meio brochante minha vida, sempre sem muita agitação. Não como você, que andou pelo litoral há uns tempos, tomando um solzinho nas costas – e como bem sei, sempre se queimando, sem proteção justo quando o sol caminha mais forte no horizonte.

Vou te contar o real motivo desta carta, sem mais rodeios, sem comer pelas beiras; você sabe que não sou de muita prosa, que não sou muito bom glosador.

A verdade é que enquanto você estava viajando peguei tua mulher na cama com outra. Foi interessante, sabe. Tanto tua mulher quanto a outra eram muito boas. Tudo era apenas uma brincadeira que foi crescendo, crescendo... Não deu outra (quer dizer, deu sim – e como).

É triste, mas eu não me queixo. Que seriam dos amigos se não se contasse a verdade, nua e crua? O cru é exatamente o que nos torna tão suscetíveis a suportar este peso nos ombros.

Sem mais delongas, um grande abraço por trás,
Do teu amigo de sempre e para sempre amigo.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A dor e o dono da dor

Durante toda uma existência, subsistia-lhe perversamente o mesmo sofrimento. Eram dores dilacerantes, que rasgavam-lhe a carne tal qual o estuprador à sua vítima corrompe o ventre.


As chagas doíam-lhe profundamente. Impediam-no de realizar feitos atléticos, de praticar atividades intensas, demasiadamente caras à sua saúde frágil. Por quase tudo o que não podia realizar, como que para apaziguar sua própria incompetência, praguejava inutilmente, com certo desdém, um sem fim de impropérios contra o próprio corpo. Corpo hospedeiro de uma infinidade de moléstias; corpo inóspito para um coração arredio.


Merecidamente o nomearam com o pseudônimo de “profundissimamente hipocondríaco”. Não o era, mas a melancolia caía-lhe bem. De fato, exagerava aqueles sentidos. Expurgava tão intensamente aquela angústia que o pretenso temor de que lhe sobreviesse uma possível sensação de dor, já lhe era bastante dolorido.


Não conheceu o amor. Acreditava que as tais dores não o permitiam amar e travestia a mortalha do penitente celibatário. As aflições lhe eram mais intensas que qualquer paixão, mais ardentes que qualquer meretriz, mais puras e deleitáveis que qualquer donzela. O bastardo tinha uma alma tão podre que nenhuma luz vermelha, em pleno funcionamento, o aceitaria de bom grado.


Tantas vidas passam pelo mundo e ele acabou passando despercebido pela vida. Vida descartável, voltada para uma pesarosa auto-flagelação da qual se utilizava para rogar pela piedade alheia, carente de afeto que sempre foi.


Por fim, resolveu consultar um médico. O diagnóstico: unha encravada.


P.S.: Baseado numa vida vivida.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

In Memoriam

Vejo um tom vermelho amargo, feio e fétido. Não mais pulsante, nem mais dançante em veias alheias. Resultado de um instinto desagradável, um prazer doentio, gratificante... saboroso... delicioso... Se soubesse descrever o dramático monólogo, teria emudecido e transcrito um único gesto, o último ato.

O sangue escorre em minhas mãos suadas e calejadas, silenciosas testemunhas. Depois de haver imaculado meus entes mais queridos, o vejo agora tão puro e casto... O riso sobressalta-se em meu semblante. Incontrolável e inexplicável, como uma droga recém experimentada, viciante, vingativa. Ah, que orgasmo inatingível! Seria trágico, não fosse deveras cômico.

Mas não demore a ir-se, minha cara! Se o adeus demora a dor se expande, o coração não suporta! Não, meu frágil coração não foi feito para despedidas...

Sim... Uma morte sem medo, sem último grito de dor, sem testamento nem ridícula carta de despedida. Sem amigos que lhe velem o frágil corpo indefeso, sem amores que lhe derramem pedidos por um beijo final. Sem sequer vermes que lhe roam as partes íntimas! Definitivamente, o merecido para o supra-sumo da insignificância. Quisera eu tamanha imponência em meu penoso fim.

Arrependimento? Não. Detestável, seria a palavra que a definiria melhor.

Percebo por fim meu próprio sangue misturado aos demais. Poderia até brincar de mal-me-quer, enumerando meus familiares naquelas gotas inertes...

Apago da mente todas as más recordações: ingratas memórias pós-morte são indesejadas, dispensáveis. Dos mortos só nos resta guardar sempre as melhores lembranças, seja pelo que fizeram, poderiam ter feito, ou que apenas inventamos para dar-lhes alguma glória insípida, satisfazer-lhes a alma carente de utilidade.

Guardo então a lembrança de seu corpo contorcido e condoído pela dor. Minha imoralidade não me permite despir a consciência das dores morais, tão banais que são.

Adeus, enfim. Adeus, MALDITA MORIÇOCA.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Algum título imbecil sobre uma mídia idem

Reaproveitamentos de trabalhos são exaustivamente gratificantes, do "ponto de vista" de que não apenas um #$!@# de um professor irá ler o que você desperdiçou tempo pra escrever.

***

Segundo o sociólogo francês Pierre Bourdieu (nessa parte finjo que já o li), a mídia, os jornalistas ou a imprensa, como um todo, se permitem influenciar pela busca incessante pelo extraordinário, ou seja, fatos de repercussão nacional e internacional e dos quais acaba tornando-se subserviente.

Devido a essa busca pelo atípico, o que da mídia captamos é meramente e diariamente o ordinário, garantido pela repetição exaustiva das mesmas notícias "extraordinárias", "bombásticas" (com B) ou "catastróficas".

Embora a invasão de Isabelas, Champinhas, Von Histofens, PMs capacitados a matar inocentes e, mais recentemente, uma onda de bebês saltando de janelas; embora tal seja praticamente impossível de se evitar ao perpassar os órgãos de comunicação - é notícia vendável -, devemos à imprensa não apenas a informação que esta transmite, como também nossa alienação criminalística: o "culpado" acaba sendo o antagonista da novelinha que a mesma mídia nos apresenta.

É de sensacionalismo e denuncismo barato que vive nossa imprensa, a velha política do pão e circo que estamos adaptando.

sábado, 6 de setembro de 2008

?

Tava passeando aqui e achei uns versos de 2004 (16 anos?), um pirralho meio 'metido' a 'poeteiro'.
Publicado só pra deixar guardado pra posteridade.

enviado: 2 de dezembro de 2004 18:40

De eu pra mim.

Estou farto da tua caretice, da tua cara triste.
Farto do fato do teu ato ter rimado.
Dessa lucidez alucinatória que insiste
a carregar o fardo do teu desacato.

Tua antipatia banal
Tua empatia imoral
Tua mente podre
Tua rima medíocre.

Engana-te coração se pensas ainda me iludir.
Das armadilhas escapei
de estilhaços ainda estou marcado.

Amor à primeira vista
ou mesmo eterno não existe,
pois os olhos não amam, os corpos sim.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Ser Corno ou Não Ser

Ontem era apenas antes de hoje, apenas mais um dia comum numa vida comum. Ele acordou, comeu, bebeu e dormiu como de costume nos 89 anos anteriores. Não fez amor, como de costume nos incontáveis anos anteriores.

A infeliz chegou e disse simplesmente “Quero separar-me de ti, velho”.

Respondeu apenas que não estava muito pra piadas e pediu logo o jantar. Não sendo atendido, abateu-se em desespero: “Mas que é isto, mulher, de desacostumarmo-nos assim tão repentinamente após tão longo convívio?”.

“É que você não dá no couro”, respondeu a amada.

Sem desvendar o significado da expressão, resolveu-se por não ser taxado de ignorante. “É o meu problema de gases?”, perguntou ainda, vacilante.

“Não, velhinho. O problema é que você não escova o peba. É a pipa que não sobe mais, a macaca que não leva tapa, a aranha que não apanha, a cobra que não pica... Sacou a parada?”.

Estranhou o linguajar da jovem senhora de 90 anos, com a qual convivia há 70 ininterruptos (e infindáveis) anos. Não ousou questioná-la. Nem sequer cogitava o significado da palavra “gíria” – e nem eu o sei.

Juntou os trapos e foi para um asilo, findar seus dias. Lá soube que sua digníssima ex-mulher trocou-o por um jovem e saudável cinqüentão, charmoso galanteador de quem já era amante há algum tempo. Virou motivo de chacota entre os amigos, os que ainda estavam em posse das faculdades mentais.

Quando descobriu os reais motivos que levaram à falência de seu matrimônio, sentiu-se aliviado e refletiu: “É melhor ser conhecido por corno do que por brocha”.


"Nós fomos feitos um pro outro
Ela é uma vaca eu sou um touro"
(Bois Don't Cry - Mamonas Assassinas)

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Relevo Impróprio

A pequena e (não tão) pacata cidade de Campina Grande, Rainha da Borborema. De clima agradável, economia próspera e rica em eventos culturais, sofre também dos males que afligem grandes metrópoles: crescimento de favelas, da criminalidade, do tráfico e do tráfego.

Este último fator, ocasionado por um centro comercial demasiado condensado, desorganizado e controvertido, ultimamente, e com maior freqüência, vem vitimando amortecedores e pneus, órgãos vitais para o bom funcionamento de veículos automotivos, tudo culpa da proliferação exacerbada de uma forma de relevo bastante comum em cidades “entregues às baratas”, tipos incomuns conhecidos popularmente como “buracos”, ou vulgarmente denominados, no atual modelo, “crateras”.

Gerados inicialmente devido à explícita desproporção entre os fatores “verba-para-custeio” e “desvio-de-verba” (também chamado “bolsa-parlamentar”), os tais fenômenos ocorrem em asfalto mal cuidado ou mal construído. As autoridades explicam o fenômeno como uma necessidade pessoal de cada motorista poder externar seus mais profundos sentimentos no trânsito caótico do mundo moderno, aliviando seu stress ao proferir um breve e inofensivo “puta-que-o-pariu” a cada vez que perpassa um dos inusitados declives.

Porém, nada temam caros amigos, pelas conjecturas deste escrevente. É tempo de eleição e os homenzinhos de uniforme alaranjado já ressurgiram para nos defender, capinando o mato e pintando os canteiros. Se não concluírem suas obras em tempo, como costumeiramente ocorre nestes casos, homenzinhos de uniformes alaranjados ou esverdeados voltarão dentro em quatro anos para novamente resgatar a beleza de nossa cidadezinha.

“[...] O governante é sempre um homúnculo em pé sobre uma rolha de cortiça, com seu chapéu de Bonaparte, acreditando e fazendo acreditar que rege o maremoto a seu redor. Governar é manter essa crença.” (Otavio Frias Filho, em Tutankaton).

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Prévia Auto-Biografia Caricata de um Ilustre Desconhecido

Com duas faculdades, desempregado, alcoólatra e pai de família, finalmente descobriu-se com talento em algo: tornou-se mendigo profissional. Não sabia se pela sua cara de pobre (gostava de se dizer “pobre de feição”) ou por suas vestes maltrapilhas, mas os que lhe viam, de pronto concediam algumas moedas.

Lábia não a tinha. Ao menos não com a maestria dos professores, palestrantes, políticos, galanteadores e outros profissionais respeitáveis (ou pouco respeitáveis) por sua eloqüência. Contava-lhes aquilo que precisavam ouvir para ter vergonha de conviver no mesmo mundo em que aquela escória, onde aquele farrapo humano ousava sobreviver.

Seus temas iam desde doenças e desemprego a problemas familiares passíveis de receber algum crédito e alguns trocados. Perdeu o apego pela verdade – ou descobriu-a tão volúvel quanto o amor de uma mulher.

Fundou uma escola de mendicância. Em demonstração de altruísmo – e cobrando uma mensalidade básica – ensinou aos seus semelhantes o caminho da vitória, de como obter sucesso naquele mercado de trabalho tão concorrido, onde as esquinas transbordam profissionais pouco qualificados. Lecionou técnicas de persuasão, tragédias familiares, doenças atípicas, vestuário básico e até preveniu sobre a rotatividade do local de trabalho.

Escreveu um livro (sob o título “Se Nada Der Certo Viro Mendigo”) mesclando memórias e auto-ajuda empresarial, pois percebeu tratar-se da simples transferência para o papel da atividade oral que já exercia cotidianamente.

Era um predestinado. Ao menos, via-se assim ao decidir fundar uma igreja. Saiu do lado passivo, dos que imploravam por misericórdia, para o ativo, dos que concediam a salvação – e igualmente recebendo seus trocados. Da assim denominada “Congregação do Divino Desapego Material” ironicamente adquiriu um acervo de peças metálicas de alto valor pecuniário, das quais se serviu para entrar na política.

Com o rebanho que formou, elegeu-se vereador (e posteriormente deputado) sob o slogan de “pai dos pobres” – que a santa publicidade seja louvada.

Em defesa dos excluídos da sociedade capitalista, criou programas de assistência à classe sem-teto, como o “Viaduto Pró-Mendigo” e lutou ferozmente pela promulgação da “Lei do Trocado Mínimo”, segundo ele uma “tentativa de inclusão social visando à diminuição da concentração de renda” – e extraindo para si mais alguns “trocados”.

Findou seus dias em terras além-mar, nalguma ilha particular, e seu nome entrou para os anais (!) da história como um dos mais éticos políticos já existentes, sendo até hoje considerado um mártir, símbolo da luta contra a desigualdade social, exemplo de ser humano.

“Vivi, estudei, amei, e até cri / E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu”.

(Fragmento de "A Tabacaria", Álvaro de Campos (Fernando Pessoa))

quinta-feira, 10 de julho de 2008

"Tricolor só tem um"

"O Fluminense é o melhor time do mundo. E se me disserem que os fatos mostram o contrário, eu vos digo: pior para os fatos.", Nelson Rodrigues.
"Se o Fluminense jogasse no céu, eu morreria para vê-lo jogar", Jules Rimet.

Publicado em http://blogenfoques.blogspot.com/
, 3 de Julho de 2008

(Republicado aqui por falta de tempo e criatividade, excesso de farras e gastos)

*****

"...O resto é time de três cores". Nelson Rodrigues, tricolor ilustre.

Incompreensível ou não, mas minha necessidade de auto-flagelação me incita a descrever a magnífica vitória-derrotada que a pouco presenciei (ao vivo... pela tevê).

Uma final épica com um final trágico.
Nunca imaginei que um simples jogo me pudesse comover como a um animal irracional como nos momentos que compartilhei com os 11 indivíduos que corriam atrás de uma esfera sob o olhar atento dos 80 mil presentes e dos tantos ausentes.
Não sei que motivos me levam a torcer. Simplesmente torço, vibro, grito, canto - e bebo.

Uma partida que entrará para os anais (ou com outra morfologia menos sensata) da história futebolística. Uma vitória que teve o desprazer de amargurar uma derrota histórica. Um camisa 10 que consagrou-se emplacando 3 gols numa final e desperdiçou seu pênalti.

E se não fossem os 11 marmanjos que se prostituíram aceitando 4 bolas dentro, num único e ridículo tempo de jogo;
E se não fossem o primeiro gol no primeiro minuto do primeiro jogo e nos primeiros minutos do segundo jogo;
E se não fossem a altitude do primeiro jogo, o árbitro do segundo jogo e a falta de atitude nas penalidades;
E se aquele time não tivesse derrubado mitos, lendas e tabus e calado tanta Boca...
... A decepção teria sido menor ou maior?
Foi apenas mais uma decepção num esporte tão cheio de fatores extrínsecos.

No gran finale, Palermo, o famoso pelas 3 penalidades desperdiçadas num único jogo, deu seu toque de inspiração aos nossos craques.
Essa foi minha vergonha, misturada ao orgulho de ver caras que não conheço, nem nunca conhecerei, em lágrimas por uma equipe da qual tiveram orgulho de participar, numa demonstração de "amor à camisa" nunca antes visto por minha pessoa.
Num mundo cada vez mais apegado ao capital, provavelmente eles estavam chorando pela grana que iriam receber caso vencessem a tal Libertadores. Prefiro acreditar no meu lado ingênuo e convencer-me do prazer que tiveram em estar presentes num momento sublime da saga daquele conjunto; que o mundo não está tão perdido e vendido como sempre supus.

Força, Flu. Rumo à Segundona ou à próxima Libertadores, estarei aqui, pelas três cores que traduzem tradição.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

"Sentimental"

Mulheres têm sentimentos. Mulheres exibem seus sentimentos. Mulheres falam sobre sentimentos.
Homens não falam sobre sentimentos. Homens fingem que não têm sentimentos. Isso não quer dizer que não os tenham.

Falo com a autoridade de quem, do alto do poço de sua maturidade, sofre do mesmo mal.
Males que vêm da infância. Nunca ousei reclamar, xingar, lamuriar ou exibir meus dotes sentimentais; nem em casa, nem na escola, nem com pais, amigos, etc.
Quando criança meu esconderijo secreto atrás do sofá era facilmente descoberto e a angústia precisava ser interrompida.
Tive que aprender uma nova técnica. Era-me conveniente entrar no banheiro, enquanto minhas lágrimas confundiam-se com as do chuveiro.

Não que eu tivesse uma infância sofrida. Nunca passei fome, nunca tive que trabalhar, nunca sequer me deram umas boas e merecidas surras. Passei por diversas casas, com gente diversa e amigos diversos em cidades diversas, mas o velho hábito não mudou e a velha armadura sempre se fez presente.
Talvez brincar de boneca e casinha sejam as soluções encontradas pelos pais para tornarem as mulheres prodigiosas artífices do sentimento. Os carrinhos com os quais brinquei não tinham muito sentimento infiltrado em seus motores.

Esconder-se talvez seja a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

À Mais Saudável

"Mãe, você é a mãe mais bonita e saudável do mundo".
Assim eram meus dizeres aos 5 ou 6 anos, num cartão muitissíssimo bem bolado de parabéns pelo Dia das Mães - ou quase assim, pelo que lembro.

Não faço idéia de como veio parar aí o tal "saudável" - de saúde, não de saudade (eu acho).
Talvez fosse o maior preciosismo do meu humilde vocabulário infantil.
Talvez fosse excesso de imaginação, de saudável mãe, você só tem a cara.

O "mais bonita" e o "do mundo" são meros superlativos, clichês de todas as declarações tradicionais, que indicam o valor máximo que pude inserir no contexto. Nessa noção de grandeza, "o mundo" era para mim o cúmulo do ápice do apogeu do superlativismo.
Não sei de onde veio a inspiração, mas o "saudável" deve ter sido a melhor declaração de amor que já fiz, ou ao menos foi a mais marcante, relembrada até hoje entre risos e saudosismo - de saudade, não de saúde.

Minha segunda memorável declaração de amor, clonei-a do seriado do Chaves: "Mamãe querida, meu coração por ti bate, como um caroço de abacate".

Talvez a melhor declaração que eu possa ter feito - auto-creditada por mim mesmo à minha própria autoria - e que apenas repito sempre que posso, é o meu puro e simples "Mãe, você é minha mãe preferida."
Para alguém tão bom em expressar sentimentos, isso já fala mais que centenas de "eu te amo" num rolo de papel higiênico - limpo, de preferência.

Velhinha, parabéns pelo seu aniversário.


Do seu "Bosta Branca".

domingo, 22 de junho de 2008

Vida de Cão



Vinicius de Moraes. Poeta, músico, diplomata (nas horas vagas), boêmio, amante do uísque – seu melhor amigo, o “cachorro engarrafado”. Nove casamentos, incontáveis amigos, inúmeros parceiros musicais. Foi poeta e amou na vida.
Ainda assim, foi ele mais triste que os mais tristes. Palavras de quem entendia do assunto:

"Tristeza não tem fim/Felicidade sim"

"Quero dizer-vos minha tristeza/Minha saudade e a dor/A dor que há no meu canto"

"Eu sempre tive uma certeza/Que só me deu desilusão/É que o amor é uma tristeza/Muita mágoa demais para um coração"

"Se tu queres que eu não chore mais/Diga ao tempo que não passe mais"

"Ah, coração, infeliz até quando?/Para ser feliz/Tu vais morrer de dor"

"De repente não mais que de repente/Fez-se de triste o que se fez amante/E de sozinho que se fez contente."

"Ah, meu amor não vais embora/Vê a vida como chora, vê que triste esta canção"

"Sou eu, o poeta, quem diz/Vai e canta, meu irmão/Ser feliz é viver morto de paixão."

"Se não tivesse o amor/Se não tivesse essa dor/E se não tivesse o sofrer/E se não tivesse o chorar/Melhor era tudo se acabar"

"Eu nem sabia o que era o amor/Agora sei porque não sou feliz"

"Me faça sofrer/Ah me faça morrer/Mas me faça morrer de amar"

"É, meu amigo, só resta uma certeza, é preciso acabar com essa tristeza/É preciso inventar de novo o amor."

"Vai minha tristeza/E diz a ela que sem ela não pode ser"

"Eu vou sozinho sem carinho/Vou caminhando meu caminho/Vou caminhando com vontade de morrer"

"Minha alma é triste/Como o chão deste cerrado/Que se estende desolado/Por mil léguas de silêncio e solidão"

"Mas deixe a lâmpada acesa/Se algum dia a tristeza quiser entrar/E uma bebida por perto/Porque você pode estar certo que vai chorar"

"A tristeza tem sempre uma esperança/De um dia não ser mais triste não"

"Tristeza que vai, tristeza que vem/Sem você meu amor eu não sou ninguém."

"Pois seja muito feliz/Infeliz já sou eu/Pra sofrer sofro eu"

"É melhor se sofrer junto/Que viver feliz sozinho"

"Se chegue, tristeza/Se sente comigo/Aqui, nesta mesa de bar/Beba do meu copo/Me dê o seu ombro/Que é para eu chorar/Chorar de tristeza/Tristeza de amar."

Voltando aos cães, deles tiro a conclusão de que a tal felicidade, tão sonhada pelo poetinha, existe de fato.
Quando vejo a explosão de alegria de um cachorro de minha tia, apenas por saber que ela acaba de chegar a casa; ou seu olhar carente, plenamente recompensável com dois ou três afagos – correspondidos com eufóricos abanos de rabo; ou quando vai passear de carro até o petshop, três ou quatro quarteirões; ou quando recebe alguma comida atípica, diferente da ração habitual.
Tantas demonstrações de felicidade, originais e sinceras, levam-me a achar interessante a tal “vida de cão” – portanto, agradeço pelo gracioso adjetivo canino que tanto me oferecem.

Com o perdão das intertextualidades...
Caro Vinicius, você que inventou a tristeza, ora tenha a fineza de desinventar.
Caríssimo Deus, tu, que pra me jogar no mundo tinhas o mundo inteiro, por que me fizeste triste? Por que não me fizeste cão?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

As Raposas e as Uvas

"Um caminhão de eleitor
com os voto tudo vendido,
isso é cagado e cuspido
paisagem de interior"
(Jessier Quirino - Paisagem de Interior)


A multidão apaixonada vibra a cada nova frase sem nexo. O locutor, em cima de um pau-de-arara travestido de palanque, acena, agradecendo os uivos da platéia com gestos brandos de garra e confiança enquanto encena seu monólogo, amparado num vocabulário pomposo.

A cada repetição de "ética" ou "combate à corrupção", novos gritos, estridentes, ensurdecedores, delirantes. Hasteiam suas bandeiras unicolores, em um gesto de gratidão para com aquele líder nato que tirar-lhes-á da mesmice miserável dos tiranos antecessores.

Do outro lado da cidade ou do país, uma mera cópia: multidão, grito, líder, bandeira. Mudam personagens, cores e cenários, ficam os modelos estereotipados.

Poderia ser a história de qualquer eleição, escolha uma. Representa unicamente a capacidade de discernimento de um povo semi-analfabeto, encantado facilmente com cores, símbolos, líderes e palavras "nunca antes" proferidas, arrastados como rebanho que são ao curral eleitoral a que se acostumaram, se acomodoram, se afeiçoaram.

Não os culpo. Não diferenciam propostas, programas e promessas. Vêem aquilo que precisam ver, querem ver: faixas coloridas, palavras bonitas e, de preferência, um bom pão e circo - eufemisticamente chamado "showmício".

Como diz meu velho pai-aço, "tem gente que tem fé demais e gente que fede menos". Eu que não creio, tenho apenas fé. Fé de que um dia... Ah, um dia há de chegar o dia em que o dia-a-dia vai fazer essa gente entender que hão de vir melhores dias... que se pode aprender a analisar, opinar, criticar, julgar.
Se pode esquecer o amor por descendentes oligárquicos de uma politicagem caduca, julgar propostas de governo e deixar de lado paixões a grupos políticos que se perpetuam ou se revezam no poder.

Talvez sejam mandamentos inúteis, utopia adolescente de quem quer mudar o mundo sem sair da frente do teclado. Talvez seja a simples constatação do que acontecerá este ano e em trocentos vindouros.

Gente Humilde (Garoto/Chico Buarque/Vinicius de Moraes)
"E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar"

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Lisura jornalística

Lisura: s. f., qualidade de liso; macieza; fig., sinceridade, lhaneza, franqueza.
Diz-se do grande jornalista aquele que trabalha com a maior lisura possível. No meu dicionário nunca antes coube com tanta evidência a tal palavra.

Eu e o 'colega jornalista' Silas trabalhamos com 100% de lisura nesse último domingo no "Trem do Forró" (Expresso Forroviário).
Explicando: ao desembarcar no distrito de Galante, ao meio-dia, temos a resposta: "Apenas às três horas da tarde é que o trem retornará").

Estávamos, como se diz, mais lisos que sovaco de santo, mais lisos que pau de sebo, mais lisos que piso de granito, mais lisos que bumbum de neném.

E nosso almoço? Apelou-se para o bom coração dos vendedores de camarão:
"Ô do camarão, chega cá! Olha, nós somos do site 'Repórter Junino' (mostrando o crachá), queremos fazer uma entrevista com você. Diga, o que você está achando da organização do evento? As vendas estão boas? Passa 4 camarõezinhos pra cá..."
Nisso, almoçamos uns 30 camarões, pelo menos. Sem despediçar nem mesmo os bigodes.

Em determinado momento começa a chover. Forte. Forte pra c*.
Nos abrigamos debaixo da tenda de uma barraquinha de "filé-miau".
Por sorte, tinha uma brechinha por onde escorria nosso precioso acompanhamento de almoço: água da chuva.

Fora isso, muito forró, muito calor, muito etanol, muitas profissionais e amadoras. Valeu a experiência, estágio para uma excelente perspectiva de futuro financeiro.


Taiguara Rangel, vulgo "Maria"

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Pedreiros Elegantes

Inspirado na comunidade "Pedreiros Elegantes", resolvi dedicar meu tempo de insônia à reprodução de belos "flertes", de forma a torná-los mais plausíveis. Ou não.
Preferidas em negrito.


"Estás ferida? Pois caíste do celeste atmosférico."
- Tá machucada? É que você caiu do céu.

"Mas que esplendoroso par de glúteo, devoraste algum metal precioso?"
- Você comeu ouro? Porque sua bunda tá uma jóia.

"É teu genitor corsário amigo do alheio? Creio seres uma preciosa dimensão de riqueza.
- Seu pai é um pirata? Porque você é um tesouro.

"És de tal forma aclimatante que dissolves o material sintético de meu vestuário íntimo."
- Você é tão quente que chega a derreter o plástico da minha cueca.

"Teu vestuário se deleitaria amarrotado no piso de minha habitação."
- Essa roupa ficaria ótima toda amassada no chão da minha casa.

"Tamanho esplendor não defeca, produz guloseimas de confeito."
- Você é tão linda que não caga, lança bombom.

"És sempre tal qual a vejo agora, ou estás ornamentada de curvas físicas?
- Você é sempre assim, ou tá fantasiada de gostosa?

"És o grão que preenche minha argamassa."
- Você é a areia do meu cimento

"Delicia-te com pasta derivada de cacau? Prazer, derivado de cacau."
- Gosta de chocolate? Prazer, chocolate.

"Teu adorável canino doméstico está de posse de aparelho de conversação?"
- Seu cachorrinho tem telefone?

"Desejas quaisquer guloseima? Da via oral, ou de minha algibeira?"
- Você quer uma bala? Da boca ou do bolso?

"Quem dera ter-te como genitora pois sugaria-te a produção de laticínio até a idade adulta"
- Se tivesse uma mãe como você mamaria até os 20 anos.

"Ao voltar a teu domicílio, deguste bastante líquido incolor e inodoro, composto de oxigênio e hidrogênio, pois tirei-te toda a humidade"
- Quando você chegar em casa beba muita água, porque eu te sequei.

"Posso fazer-te confidência oral?"
- Deixa eu contar um segredo na sua boca?!

"Tens uma única imperfeição. O extenso intervalo espacial entre teus lábios e os meus."
- Você só tem um defeito. Sua boca, tá muito longe da minha.



Aprecie com moderação. O uso em festas não é recomendável.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Palavras ao Vento

Impressionante como se é fácil impressionar com simples idéias e bonitas palavras. Qualquer razoável prestidigitador gramatical é capaz de iludir o público com palavras bem apessoadas e fingir-se intelectual, mascarando seu conteúdo com uma boa embalagem.

Eis o exemplo: um moleque saído do berço e que já se supõe escritor, enquanto quem o lê, com seus preciosismos, sarcasmos e piadinhas fúteis, já o supõe bom escritor.

“É preciso pintar bem o medíocre”, Gustave Flaubert.

“Com bons sentimentos, faz-se má literatura”, André Gide.

Por mais que tente começar algo de conteúdo, vejo-me eternamente enfrentando minha “patricinha interior”, remetendo-me à banalidade habitual. Comecei então a divagar sobre o poder da palavra e do palavrão.

A primeira, uma donzela indefesa, subordinada aos insensíveis que dela fazem uso, com ou sem destreza, freqüentemente exerce sua soberania feminina sobre seu macho, o palavrão. A tal senhora, não se sabe em que momento histórico, passou a subjugar o então másculo e viril palavrão aos seus encantos. Este, como é próprio a todo homem, se subordinou aos encantos da amável fêmea, tornando-se mera “palavra de baixo calão”, alcunha que lhe rebaixou à categoria de obsceno, imoral, impróprio (não que este autor tenha qualquer objeção a tais adjetivos que tão raramente lhe são endereçados).

Teria o primeiro humano pré-histórico inicialmente dito uma palavra, apontando aos seus semelhantes determinada coisa, nomeando-a, ou teria ele primeiro dito um palavrão, como reflexo ao se machucar tentando descobrir a função daquela “coisa”? Ó vã filosofia, onde estão as respostas para tantas perguntas que me afligem a alma? Como seguir a vida, agora que tenho tais dúvidas em minha mente?

Indago, finalmente, o porquê dessa afeição peculiar dos que se dizem “cultos” pelo uso da palavra, em detrimento do palavrão; sendo a tal figura feminina uma dissimulada, em razão do uso que dela fazemos, e o macho em questão, a mais sincera expressão do pensamento, vez que não se permite ao desfrute de os usuários alterarem-lhe o significado.

Abaixo, deguste (!) um texto, muitíssimo criativo, que me chegou como de autoria de Millôr Fernandes. Na internet, nunca se sabe.

“O Direito ao Foda-se”


E aqui, um breve resumo sobre o palavrão e seus usos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Rogai por Nós Pecadores

Venho humildemente inserir-vos (sem maldade) a respeito da descoberta recente da diferença entre dois vocábulos semelhantes, até então para mim sinônimos: farrar e farrear.

Vale ressaltar que a distinção se faz presente apenas em determinadas regiões do Nordeste brasileiro, não sendo encontrada em minhas andanças pela Paraíba, tampouco deve ser unânime dentre os nativos donde foi experimentada.

Derivado do latim farririum (de acordo com minha pouca criatividade), o verbo "farrear" trata de uma diversidade (ou seqüência) de atos, quais sejam, da degustação de iguarias etílicas, da manifestação de alegria e prática do flerte - beber, curtir, raparigar. Da conjugação "eu farreio, tu farreias, nós farreamos", supõe-se que os sujeitos em questão estão a desenvolver o processo também conhecido por ócio produtivo, expressando descontração e sociabilidade com outros membros da mesma espécie.

Igualmente pertencente ao vocabulário latino, o verbo "farrar", originalmente responsável pelas mesmas práticas anteriormente descritas, recentemente observamos tratar-se do ato típico de adoração ao deus Baco, praticado por membros escusos aos preceitos morais existentes, escória indecente, adepta de um estilo de vida boêmio e moralmente questionável, que por nobre causa própria se dedica à arte do que "está na fantasia dos infelizes, no dia-a-dia das meretrizes".

Em suma, dedicar-nos-emos a árduos estudos detalhados e empíricos de tais verbos, uma vez que não adquirimos conhecimento suficiente para publicar um tratado científico respeitável.

A primeira Vez

A gente nunca esquece mesmo... Mas desta vez não serei indecente.

Esta foi minha primeira reportagem, para o site Repórter Junino, da faculdade de Comunicação, UEPB.

Descobri também, no mesmo dia, que como entrevistador sou um ótimo estudante... Publico, então, apenas a matéria original, sem edição.

Leia aqui a matéria publicada.

XXX Congresso Nacional de Violeiros marca o início do calendário cultural campinense.

Sexta (16) e Sábado (17) foram dias de glória para a Arte do Repente. Após três anos ausente no cenário campinense, o XXX Congresso Nacional de Violeiros, realizado no Teatro Municipal Severino Cabral e organizado pela Associação de Repentistas e Poetas Nordestinos (ARPN) deu uma bela demonstração da força da cultura popular nordestina. Na ocasião houve a gravação de um DVD que irá resgatar e reaproximar o público dos tempos áureos dessa arte.

A complexa arte do improviso, cuja origem remonta aos trovadores medievais, foi representada com orgulho por 16 repentistas de renome nacional e internacional, tais quais Ivanildo Vila Nova, eleito Cantador do Século XX e co-autor da célebre canção “Nordeste Independente” em parceria com Bráulio Tavares; e Geraldo Amâncio, violeiro e apresentador do programa cearense “Ao Som da Viola”; além da presença de poetas declamadores como Zé Laurentino, autor do poema “Matuto no Futebol” e Chico Pedrosa, autor de “Briga na Procissão”.

Sextilha, décima, martelo, galope, gemedeira, quadrão... São métricas de uma arte pouco divulgada pela grande mídia, mas exibidas com técnica e emoção pelos grandes maestros da viola.

De acordo com depoimentos do público e dos próprios repentistas, o primeiro congresso, realizado em 1974, contou com o apoio em massa dos estudantes, numa época de efervescência cultural onde Campina Grande era vista no cenário nacional como capital do repente devido ao seu pioneirismo. O poeta Zé Laurentino cita a grande quantidade de espectadores que assistiram ao espetáculo de pé, por falta de assentos.

Após essa época de glória, o repente perdeu espaço na mídia e foi sobrevivendo em pequenos círculos fechados de cantadores que passaram a tradição adiante, observando-se nos últimos anos um leve crescimento da valorização desta arte genuinamente nordestina. Desde muito tempo, tradicionalmente no São João de Campina Grande, segundo o mesmo poeta, arranjam para o repente um lugarzinho como “prêmio de consolação para não dizer que não falei das flores”.

Segundo Maria Aparecida, sócia da Associação dos poetas – Casa do Cantador – e que acompanha de perto o trabalho destes violeiros, “este evento é muito importante porque resgata a nossa cultura e aproxima essa arte do público que acompanha o repente há muitos anos, além da possibilidade de atrair também aqueles que não o conhecem”, porém lamenta que a mídia não dê o valor que estes artistas merecem.

Tendo sido outrora um artista subjugado, visto com desprezo devido à falta de formação educacional e profissional, foi ao longo dos anos profissionalizando a arte, tal qual o poeta e advogado Apolônio Cardoso, que vive unicamente da cantoria. Ainda assim essa arte continua restrita a poucos devido à complexidade e carência de professores e metodologia de ensino, não sendo muitos os que conseguem sobreviver exclusivamente da arte do improviso.

Segundo as palavras do organizador do evento e presidente da Associação de Repentistas, Tião Lima, há uma vontade de se realizar campanhas nas escolas e universidades em busca de re-popularizar a arte do repente e de descobrir novos talentos, como o repentista Raullino Silva, de 27 anos. As dificuldades de organização de um evento desse porte, com cantadores e declamadores famosos vindos de outros estados, se devem principalmente aos obstáculos quanto ao patrocínio e apoio cultural, não havendo mais um público tão grande quanto em outros tempos.

Com muita serenidade os repentistas envolveram a platéia em temas como a morte da menina Isabella Nardoni, bem como com criatividade e humor se digladiaram sob os motes "Você não tem cantoria que cause admiração", com a dupla Raullino Silva e Valdir Teles; e "Cantador do meu nível tem que ser batizado e criado no sertão", pela dupla Severino Feitosa e Zé Viola.

Geraldo Amâncio e Moacir Laurentino, retrucando a idéia de que o repente seja uma arte da qual o público é mero espectador, convocaram o público a participar de uma cantoria, com o tema galope à beira mar. Este momento foi marcado por grande euforia do público, que acompanhava os violeiros a cada refrão.

Fica do evento a saudade, bem como a esperança de um futuro melhor aos cantadores, merecedores do nosso apoio incondicional à cultura popular.

terça-feira, 13 de maio de 2008

À decadência

Os humanos são estranhos, têm cada costume esquisito que comemoram até mesmo a decadência da vida.

Queria saber quem foi o primeiro infeliz a inventar essa comédia melodramática chamada aniversário.

Escutar palavras de carinho regadas a tapinha no ombro e abraços emocionados (estes últimos após alguns litros vazios), depois, ser elogiado por tudo que você já construiu na vida (nada, no caso) e tudo que irá construir (sei, sei).

Saber que se estão esvaindo os melhores dias de sua vida, ou apenas que você está morrendo lentamente sem se dar conta de que não teve melhores dias, e festejar o acontecimento nunca me pareceu interessante.

A seguir, um poeminha publicado num extinto “fotolog”, aos 15 anos – debutante é a senhora sua mãe. Algo que combina com meu próximo fim de semana e não perdeu o sentido ao longo desses últimos cinco anos, quiçá não perderá nos próximos cem.

Soneto do Amor Etílico

Oh senhora da minha alegria
Que prazer te apreciar;
Me provocas fantasias,
Depois me fazes provocar.

Foste sempre companheira
Amiga e confidente;
Ate mesmo na derradeira,
Continuas sempre ardente.

Seja noite ou seja dia
Te desejo toda minha,
Só imploro, não fiques vazia...

Pois no outro dia, cachaça,
Você deixa sua marca...
e vem a maldita ressaca.

Fiz uns ajustes na linguagem apenas pra diminuir a dor na consciência (e na vista) com o palavreado do pseudo-poeteiro em questão. A título de curiosidade, “provocar” no linguajar cearense, que me inspirou na época, significa vomitar.

Finalizando a criação, vinha o clímax:

“Repasse ao maior número de amigos possíveis nos próximos 51 minutos ou São Ânus, protetor dos bêbados sem dono, não terá piedade do seu orifício monossilábico.”

Ano passado comemorei-o numa quarta-feira assistindo ao vivo e em primeira pessoa ao jogo Fluminense x Galinha na Copa do Brasil, ano em que o Flu sagrou-se campeão da Copa. Inesquecível.

Este ano, o dito cujo cai num domingo, permitindo que a comemoração comece desde a sexta-feira, e ainda me dando o orgulho de ver o Campinense ser campeão paraibano em cima da arqui-rival galinha no último jogo do campeonato.

Ah, esses humanos... Inventam cada circo que me sinto obrigado a degustar um (uns) conhaque(s) nos próximos dias e comemorar enquanto há tempo, enquanto há fígado.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Orgasmo do Conhecimento

A sala de aula.
Um lugar sagrado. Professores entusiasmados, alunos ávidos por conhecimento.

Só quem desfruta do prazer de freqüentar uma escola/universidade pública pode entender.
Um pseudo-aprendizado formulador de mentes pensantes. Pensando no desconforto da cadeira, na (falta de) qualidade do professor, em como fazer o mais veloz aviãozinho de papel ou como sair dali o mais veloz possível.

O estudante está ali porque não tem o conhecimento, não importa o quão estúpido ele seja (ambigüidade sarcástica). Acredita piamente ser aquilo tão relevante quanto saber os fetiches sexuais do professor (sendo, porém, muito menos engraçado de se especular).

Meu mais recente objeto de estudo é o professor adepto do método "tentativa e erro": não importa o quanto você tente, estará sempre errado.

"- Muito boa sua apresentação... agora responda, qual o detalhe da cueca do Papa XYZ?
- Um ursinho.
- Não, essa não era a cueca preferida dele.
- Uma florzinha.
- Não, eu quero a que ele usou no dia em que editou a Encíclica Papal
- Ah, lembrei... era uma libélula rosa!
- Não, isso era na parte da frente... e na parte de trás?
- Um JUMENTO de 25cm!
- Perdeu preyboy... ele tinha 30cm."

Tamanha comoção me levou a imaginar o orgasmo do(s) infeliz(es):

- Não, tá errado... não, errou... nãooo... quase... vai errar... erroooohhhh


Inspirado em fatos reais. Menos o orgasmo.